A educação não formal é uma forma de aprendizagem que se
desenvolve, paralelamente, ao sistema formal de ensino. É um processo educativo
organizado e estruturado que possibilita aos intervenientes o seu desenvolvimento
pessoal, capacitação para o exercício da cidadania ativa, valoriza a
flexibilidade e está centrado nos aprendentes.
A educação não formal como espaço de aprendizagem social permite
que cada jovem seja ator do seu próprio processo de desenvolvimento.
O Conselho Nacional de Juventude realizou no dia 10 de
dezembro de 2014, as II Jornadas de Educação Não Formal que tiveram como
objetivo refletir e reunir contributos sobre «Instrumentos de Validação de
Competências Adquiridas em Contextos de ENF e Youth Work».
A nossa reflexão sobre esta temática tem pertinência na sequência
da leitura das conclusões das jornadas que nos permitem refletir sobre questões
atuais para a animação sociocultural e para os seus agentes.
O grupo de discussão sobre youth work aponta nas suas conclusões para medidas como a criação
de um processo de mapeamento, por forma a perceber em que áreas ocorre o youth work; auscultação dos diversos
intervenientes para a construção de um entendimento comum; realização de um
estudo de diagnóstico; e mapeamento dos princípios e indicadores de qualidade.
O mesmo grupo de trabalho sublinha a necessidade de
desenvolver políticas públicas nacionais direcionadas para o reconhecimento e
desenvolvimento do youth work (criação
de grupos de trabalho intersectoriais e criação de enquadramento legal);
desenvolvimento de parcerias estratégicas envolvendo a sociedade civil, os
decisores políticos e privados; e formação reconhecida.
Os desafios mapeados na área do youth work estão agregados à capacitação de atores (formação de ensino
superior ao nível de licenciatura); falta de reconhecimento local e regional.
Outro dos desafios está elencado ao termo de youth work – tem que ser impulsionado pelas organizações de
juventude e terá que haver um trabalho conjunto para chegar aos decisores
políticos; inexistência de estudos sobre o impacto do youth work; falta de estudos em Portugal sobre youth work; falta de padrões de como trabalhar para a juventude;
reconhecimento formal e informal; e o reconhecimento por parte dos vários
atores sociais da necessidade do youth
work.
Sobre os youth workers,
o grupo de trabalho questiona o papel destes agentes e a forma como intervém. Qual
a formação que devem agenciar e desenvolver? A aspiração à progressão
profissional, bem como, definir o conceito de youth worker; envolvimento dos youth
workers na legislação; estatuto da profissão. Qual o perfil, o que é um youth worker de qualidade? Código de
ética.
O grupo de discussão sobre youth work regista um aspeto fundamental para a afirmação social -
«Não existirá reconhecimento social enquanto não houver este trabalho de
conceptualização primeiro». Afirmam ainda, que é essencial definir as funções e
competências do youth worker e criar
um grupo de trabalho para apontar opções de tradução de youth worker envolvendo um conjunto de organizações de juventude e representação
do Poder Local.
O grupo de discussão sobre instrumentos de validação de
educação não formal aponta para a perigosidade da validação face à inexistência
de um quadro teórico comum para a educação não formal, o que pode originar
problemas para a validação. A possível perda de valores associados à educação
não formal, ou seja, a de procura de aprendizagem de uma forma diferente da
educação formal. Outro aspeto essencial é o foco da validação incidir na
metodologia e não nos agentes; e o foco no produto (a certificação deve privilegiar
o processo, a aprendizagem ao longo da vida).
O grupo de trabalho refere o papel do associativismo no
processo de validação da educação não formal. As associações assumirem o papel
mediador entre facilitadores - «facilitandos» e elementos de avaliação; as
organizações juvenis como laboratório de experimentação; e a utilização da
educação não formal no processo de aprendizagem não só dos participantes, mas
também, da organização como garantia de democracia e de boa governação.
Sem comentários:
Enviar um comentário