Não basta (des)envolver. É preciso educar para a
participação.
A participação não pode ser reduzida a um chavão em animação
sociocultural, ou seja, não basta afirmar e sublinhar a importância da
participação cidadã nos processos, antes, terá que haver uma cultura da
participação democrática e horizontal, que nasça das bases e do envolvimento
responsável e consciente do grupo.
A participação pressupõe um processo de maturação da cultura
democrática, de diálogo construtivo e horizontal, de aprendizagens permanentes,
de empoderamento individual e coletivo.
A animação sociocultural como didática da participação é o
eixo central de um processo de aprendizagem, de facilitação de ferramentas e de
métodos para a participação comunitária. Precisamos de refletir a animação
enquanto metodologia de intervenção social, cultural, educativa e cívica,
partindo do pressuposto de que a animação é o suporte do exercício da política
cidadã.
Entendemos que os animadores socioculturais na prossecução
da ação individual e colectiva devem privilegiar o princípio da educação no
século XXI defendido pela UNESCO. Este princípio está alicerçado em quatro
pilares fundamentais: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver
juntos e aprender a ser.
Aprender a conhecer implica um olhar extramuros, ou seja, aprender
a ler e a interpretar os sinais dos tempos, as micro realidades sem excluir as
macro realidades, pois há muito que vivemos no mundo global. A aprendizagem do
conhecimento exige um olhar analítico, crítico e problematizador que busca
soluções a partir da sua própria resiliência e dos colectivos.
O aprender a fazer é um desígnio cidadão, do qual os animadores
socioculturais são os baluartes deste princípio educativo, incluindo os outros
três. O empoderamento das comunidades também se faz pelo processo educativo não
formal, munindo-os de ferramentas que viabilizem os indivíduos a serem os
protagonistas da transformação social, da projecção da sua identidade enquanto
comunidade e da sua emancipação sociopolítica.
Ser cidadão é ter voz e liberdade de intervir na vida
comunitária como resultado de um processo de consciencialização e de aquisição
de competências socioeducativas que fortaleçam as dinâmicas de aprendizagens
participativas.
Aprender a viver juntos apela para o princípio da
multiculturalidade e da tolerância, para os valores da promoção da paz, da
dignidade humana e da democracia. O respeito pelo outro aloca um conjunto de valores
humanos e princípios inquestionáveis na ação transformadora. A animação sociocultural
deve promover sempre o diálogo aberto, pacífico e enriquecedor entre os povos,
entre culturas distintas e longínquas. Aprender a viver juntos é um desígnio
permanente e o pilar mais arrojado da educação no século XXI.
Aprender a ser é um processo de aprendizagem comum que encerra
os três pilares anteriores. Este princípio educativo evoca a autonomia do
sujeito, o ser cidadão num mundo global e multicultural, implica o vigor da resiliência
face à complexa realidade social envolvente que exige múltiplas leituras e ações
transformadoras e apaziguadoras.
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