«Da democratização cultural à democracia cultural» assinado
por Natércia Xavier, é o título de um artigo de opinião publicado num matutino
regional que expressa uma clarividência sobre o papel primordial que a
programação cultural desempenha na dinamização dos equipamentos e na
consolidação dos projetos artísticos. Deste artigo quero sublinhar a visão
global e comprometida da democracia cultural com o corpus comunitário.
A crise atual traz oportunidades de mudança que passará por
uma seletividade das políticas culturais sustentadas na participação
comunitária, dos projetos culturais e artísticos com vocação para a educação
dos públicos, para a cidadania cultural que exige autonomia de ação e de
pensamento, implicando sempre as pessoas no processo e que não privilegie
apenas o resultado.
Apraz-me reivindicar para os animadores socioculturais tais funções
na dinamização de programas e projetos, mas, de uma forma incisiva e necessária
os equipamentos culturais, nomeadamente, os centros cívicos e outros espaços
para a cultura. Estes agentes, graças, à sua formação possuem ferramentas
metodológicas de investigação social que possibilitam uma leitura e análise
crítica das necessidades culturais da comunidade. Eles estão dotados de saberes
teórico-práticos que lhe possibilitará trabalhar com as populações,
envolvendo-as na dinamização cultural comunitária.
Num outro artigo intitulado «Gestão Cultural» da autoria de
Nuno Morna é defendido a urgência de um «verdadeiro curso de Gestão Cultural», onde
sugere um conjunto de possíveis disciplinas. Sobre o curso de mestrado em gestão
cultural lecionado na Universidade da Madeira apenas referir que uma leitura um
pouco mais atenta e crítica ao plano curricular do mestrado será suficiente
para que cada agente cultural possa formar a sua própria opinião ou até tomar
consciência da muita oferta formativa que o ensino superior em Portugal
disponibiliza aos cidadãos.
Por outro lado, parece-me que o aludido artigo
revela algum desconhecimento da formação académica dos animadores socioculturais
e das muitas instituições, como saídas profissionais capazes de absorver nos
seus quadros os profissionais da animação. É urgente, sim, começarmos a
valorizar os animadores socioculturais e possibilitar uma maior intervenção
autónoma e sustentada na comunidade.
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