terça-feira, 23 de novembro de 2010

Leitura(s) sobre o I Congresso Nacional de Animação Sociocultural

É tempo de olharmos para além dos números. Estes continuam a ter leituras antagónicas, eles são importantes para as estatísticas, mas, nada dizem do conteúdo do debate que foi revelador das fragilidades que os Animadores continuam a manifestar através da diversidade das práticas formativas e do exercício profissional. Procurei de forma aberta, livre e autónoma apresentar as reflexões e preocupações resultantes dos debates realizados na Região Autonóma da Madeira, sobre a Formação e o Estatuto dos Animadores, iniciativas que se realizaram ao abrigo do ciclo de debates sobre a Profissão e Profissionalização dos Animadores, tema do I Congresso Nacional de Animação Sociocultural realizado nos passados dias 18, 19 e 20 de Novembro, em Aveiro.

A aprovação da proposta de Estatuto dos Animadores Socioculturais foi importante, mas também é importante resalvar o facto, desta estar aberta a propostas de melhoria, responsabilidade que recai sobre uma comissão eventual designada para o efeito. Uma oportunidade para que os Animadores apresentem propostas válidas para que este sejam um projecto colectivo. Outro documento aprovado no decorrer do congresso, foi a Proposta de Código Ético e Deontológico dos Animadores Socioculturais, documento meramente orientador, sem efeitos sansionatórios para os actos que violem o código, práticas decorrentes do exercício profissional dos Animadores.

Reforço a posição dos Animadores insulares em matéria de integração das diferentes nomenclaturas profissionais na presente proposta de Estatuto dos Animadores. A proposta final tem que priveligiar os diferentes contributos, ela tem que resultar de um processo de integração socioprofissional dos Animadores. Lamentavelmente, não discutimos os conteúdos funcionais do técnico profissional e do licenciado, bem como e o respectivo perfil de competências dos Animadores. Precisamos de discutir com os Animadores e os académicos o perfil de competências e os conteúdos funcionais, talvez num próximo congresso, ... Faço votos para que seja a breve trecho, talvez em reuniões parcelares.

Há temas que simplesmente não pode ser manipulados com o intuito de encerrar dossiers que têm uma fase de maturação dilatada no tempo. Compreendo que é crucial avançar,mas para que isso aconteça é importante que estejamos conscientes das reais dificuldades que o futuro nos reserva. Sou realista e é por sê-lo, que estou convencido de que há pessoas que não entendem ou não querem admitir, ser necessário iniciar um longo e sinuoso caminho de diálogo, de negociações, de avanços e recuos com os organismos com responsabilidades legislativas em matéria laboral para que o Estatuto do Animador (Sociocultural) seja um dia uma realidade. Há que deixar todas as portas da cooperação institucional abertas e isso faz-se com o bom senso que é exigido em situação de inferioridade de poder.

Há princípios basilares de consciencialização de classe profissional que lamentavelmente continua a faltar-nos, porque nós Animadores, somos um grupo profissional fragmentado pela ausência de um desejado Estatuto Profissional, como se isso fosse a tábua de salvação e a resolução permanente dos problemas estruturais, como a ausência de um perfil de competências, o questionamento sobre as múltiplas formações, a ausência de um barómetro oferta/procura ao nível do mercado de trabalho. Estes são focos de tensão que persistem e face aos quais continuamos incapazes de discutir no colectivo. Estou convicto de que estamos a gerir o processo de forma errada e isso será prejudicial para levar por diante um projecto que continuará a contar com futuras propostas e divergências latentes entre os Animadores.

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