sábado, 18 de setembro de 2010

Candidaturas ao Ensino Superior - Resultados da 1ª Fase (II)

Os resultados da 1ª fase do concurso nacional de acesso ao ensino superior, no que respeita aos cursos de Animação, são para nós, motivo de alguma apreensão quanto ao futuro a curto prazo, em matéria de continuidade de funcionamento de alguns cursos superiores de Animação. Os resultados expressam uma ausência declarada de candidatos interessados em ingressar profissionalmente no campo da Animação. Podemos apontar vários factores que porventura estarão na base dos resultados alcançados pelas diversas instituições de ensino superior para as licenciaturas em Animação.

Há dois factores que no nosso entender poderão ser inibidores: a actual crise económico-financeira do país, que diariamente atira centenas de famílias para o limiar da pobreza, e consequentemente, mata o "sonho" do prosseguimento de estudos dos jovens que se vêem na obrigação solidária de contribuir para a sobrevivência da família. Talvez este seja o factor mais recorrente para explicar a razia dos números para os cursos superiores de Animação em resultado do concurso nacional. Um outro factor não menos "apetecível" é o eterno fado consumado na localização geográfica (interior do país) de alguns estabelecimentos de ensino, que infelizmente estão em desvantagem em relação a outros muito melhores colocados no raking geográfico e talvez no ranking da qualidade do ensino.

A leitura dos resultados não pode cingir-se a estes dois vectores de análise. É necessário olhar para os números com a racionalidade necessária e definir novas linhas de intervenção para minimizar as consequências desta nova realidade. É preciso ouvir as direcções dos cursos, os dirigentes associativos, ouvir as suas leituras sobre esta matéria. Este não é um assunto exclusivo das instituições de ensino superior, é matéria de interesse de toda a comunidade, em especial dos Animadores.

Algumas instituições com licenciaturas na área da Animação Turística conseguiram preencher a 100% as vagas disponibilizadas para o ano lectivo 2010/2011. Curiosamente, as licenciaturas em Animação Sociocultural distribuidas por todo o território nacional foram as mais sacrificadas, com dezenas de vagas por preencher na 1ª fase, salvo raras excepções, que conseguiram uma excelente "quota de mercado". A 2ª fase não será muito diferente. Os números falam por si.

É necessário que haja a coragem suficiente para trabalhar com afinco no sentido de mudar o rumo dos acontecimentos. Não basta exibir estatísticas de empregabilidade, de anúncios com o número de jovens licenciados por cada ano lectivo. É preciso mais... é preciso criar condições ideias de formação integral dos Animadores, oferecer um plano de estudos que facilite o jovem na descoberta de novos âmbitos, de outros mundos onde a intervenção desde a Animação Sociocultural seja uma descoberta permanente. Um plano de estudos capaz de responder aos desafios actuais do mercado de trabalho. É preciso mais... autocrítica no sentido de percebermos se a formação que é oferecida aos Animadores responde aos desafios actuais, se essa formação é uma passagem para entrada directa no mercado de trabalho ou para engrossar as filas de homens e mulheres que buscam o sonho perdido.

Tenhamos a coragem de denunciar o que não está bem. Os números que a Direcção-Geral do Ensino Superior divulgou para as muitas licenciaturas de Animação é no mínimo preocupante. É preciso reflectirmos no colectivo sobre os números. Há mais a dizer, mas aguardemos os resultados da 2ª fase.

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