A
animação sociocultural e os animadores enquanto fomentadores da participação
comunitária são protagonistas de reflexões espontâneas, apaixonadas, e por
vezes eloquentes. É preciso focar a reflexão e posterior ação nos tempos
sociais que vivemos, eles são bafejados por ventos de mudança e de
oportunidades que empelam os animadores, enquanto militantes da cidadania ativa
comprometida com a democracia e o bem comum, a projetarem no presente aquilo
que poderá ser novos âmbitos de intervenção sociocultural.
O que é
a animação sociocultural? Quem são os animadores? São duas questões que se
revelam de difícil resposta. A identidade socioprofissional é a matriz da ação que
se desvaneceu no tempo.
Uma
premissa nuclear para fundamentar a animação desde a perspetiva dos animadores é
que conheçam o seu ADN profissional, ou serão incapazes de contribuir
individual e coletivamente para descodificar os sinais sociais da sociedade
atual e compreender as suas dinâmicas. Na verdade, quantificar e tentar definir
as funções do animador sociocultural é um exercício académico que exige um
conhecimento da realidade profissional. Neste domínio de estudo, têm que ser os
próprios agentes da mudança social a construírem o discurso teórico da animação
e consequentemente a definirem as suas funções, enquanto profissionais
especializados na área.
Aos
animadores socioculturais é exigido autenticidade, atitude ativa e crítica na
intervenção face às realidades socioculturais, políticas e educativas no
entorno dos territórios de intervenção. É esperado dos animadores um discurso técnico-científico
com o objetivo de transmitir numa linguagem persuasiva através da sua ação o
que é a animação sociocultural e os seus territórios de intervenção.
O prof.
Avelino Bento e muito bem, desafiou os animadores a refletirem sobre as suas
práticas. Não posso estar mais de acordo. Há a ausência de uma reflexão
alargada e comprometida por parte dos animadores sobre as suas práticas, um
exercício que exige a conjugação de dois vetores estruturantes: a teoria e a
ação. Não menos verdade é a falta de um sentido de responsabilidade pela
dignificação da profissão materializada em grupos de pressão, com objetivos
claros e com uma linha de orientação estratégica definida para o longo prazo. Falta
a coesão grupal que nunca conseguiu vingar entre os animadores.
É total
responsabilidade dos animadores a materialização do conceito de animação
sociocultural, para isso, impõe-se que soltem as amarras do porto seguro e se
aventurem, com a convicção de que poderão contribuir positivamente para a
mudança do perceção social e política sobre o trabalho dos animadores socioculturais.
Definir a animação sociocultural é uma condição para construir socialmente e
identitária da profissão.
Não é legítimo, digo mesmo, é confuso reivindicar um
estatuto profissional quando os próprios interessados não refletem sobre as suas
práticas com o objetivo de sintetizarem o conceito matricial da animação
sociocultural à luz das nossas realidades sociais, educativas, económicas,
políticas e culturais. É fundamental agir em função de uma atitude pró-ativa e
de uma consciência crítica.