segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Mensagem da UNESCO para o Dia Internacional da Juventude 2013


O Dia Internacional da Juventude é celebrado no dia 12 de agosto. Apesar de volvidos alguns dias, parece-nos importante e atual divulgar a mensagem da diretora-geral da UNESCO, Irina Bokova, a assinalar a efeméride.

«Os jovens representam hoje quase um terço dos migrantes internacionais. Essas migrações redirecionam o mapa do mundo e a face da sociedade moderna. Elas representam um imenso potencial de reaproximação dos povos, do diálogo intercultural e de desenvolvimento. No entanto, elas também provocam um imenso desafio em termos de exclusão, de pobreza, de exploração ou de discriminações.
É vital conhecer melhor as realidades complexas dessas migrações, conceber as políticas públicas para que sejam mais adequadas e mais eficazes. A pesquisa em ciências sociais são de importância decisiva. Elas mostram as evoluções surpreendentes de fluxos migratórios ao longo dos últimos 20 anos: mais numerosos, mais femininos e mais jovens. O Dia Internacional da Juventude dedicado aos migrantes jovens coincide justamente com o lançamento do Relatório mundial da juventude sobre este tema, que traz um esclarecimento original sobre o impacto dos jovens migrantes no futuro das nações.
Para liberar o potencial dos jovens, devemos considera-los como parceiros de primeiro plano na concepção e na implementação de políticas que lhes concernem. Novas ferramentas aumentaram nossos métodos de consulta, de participação e de diálogo: vamos usá-las, então! A Conferência Nacional sobre a Migração de Jovens e o Desenvolvimento, em Chennai (Índia), em cooperação com a UNESCO, é um exemplo de evento sobre mudanças que permite aos jovens e aos pesquisadores de compartilhar suas experiências, como outros eventos similares que aconteceram este ano em Samoa sobre emprego para jovens, na Rússia sobre o diálogo intercultural, no Quirguistão sobre jovens mulheres migrantes… No mesmo espírito, e tenho o prazer de anunciar que o 8° Fórum de Juventude da UNESCO acontecerá na sede da Organização, em Paris, de 29 a 31 de outubro de 2013. Para que todos os jovens de mobilizem para defender seus direitos: a jovem Malala Yousafzai, que lutou pela educação de meninas é um exemplo. Vamos dar-lhes meios de se fazerem compreendidos!
A intensidade dos movimentos migratórios em um mundo globalizado e conectado clama por uma cooperação mais forte e solidária entre os Estados. Exige também, no interior das sociedades, que haja mais acesso à educação de qualidade, à participação democrática e a competências interculturais, que ajudam a viver juntos, especialmente nas cidades, onde vive mais da metade da população mundial.
Quer pela rejeição à pobreza, pelos perigos de aquecimento climático, pela aspiração a uma vida digna ou pelo respeito de seus direitos, milhões de jovens desejam construir um futuro melhor além de suas fronteiras. Eu peço neste dia aos parceiros da UNESCO e a todos os Estados-membros a unirem seus esforços para fazer dessa energia considerável uma força e um ativo para a paz, o desenvolvimento e o respeito aos direitos do indivíduo.»

terça-feira, 6 de agosto de 2013

A animação sociocultural na encruzilhada da realidade sociopolítica (II)

É preocupante o encerramento abrupto dos cursos superiores de animação, considero um revés na afirmação social da profissão e na formação académica dos animadores. Esta medida origina diferentes sentimentos e leituras sobre o processo e contribui para alimentar a descrença coletiva de transformação social da realidade atual. Outra leitura, talvez reúna menos apoio, mas com maior fundamento à luz da realidade social, política e educativa do país, é o ajustamento da oferta formativa à procura por parte dos candidatos ao ensino superior. Não quero descurar a possibilidade de um ajustamento da procura às reais necessidades do mercado de trabalho.

Qual o número de animadores licenciados em Portugal? Porque não há uma uniformização dos planos de estudos das licenciaturas em animação sociocultural? Porquê as muitas nomenclaturas para designar os cursos de animação quando têm em comum a matriz axiológica? Estas são questões que devem servir de base para compreendermos o processo em marcha. Continuo a defender uma única nomenclatura em animação, com um plano de estudos comum e uma aposta inequívoca em áreas de especialização que sejam uma resposta aos paradigmas de desenvolvimento dos territórios e das comunidades.

A animação sociocultural não é panaceia para os males sociais e os animadores não são «bombeiros» de serviço para socorrer as instituições. É preciso balizar a profissão, é fundamental definir competências técnicas e sociais, mas acima de tudo é urgente fomentar uma plataforma de pressão que desperte nas instituições a necessidade das dinâmicas da animação no seio organizacional. A aproximação progressiva entre as organizações de ensino e o mercado laboral é um desafio permanente e, é por excelência uma porta aberta a um intercâmbio de experiências que possibilitam um real conhecimento do que é ser animador sociocultural.

Os animadores reivindicam espaços de intervenção e reclamam para o exercício da profissão a presença de agentes socioculturais em inúmeras organizações da administração pública e da sociedade civil. Este é um exercício de cidadania, um direito que lhes assiste e um propósito sério e digno de registo. Não considero que a animação sociocultural esteja moribunda, ela continua dinâmica, talvez a pujança dos animadores esteja orientada para labores exclusivamente individuais em detrimento do coletivo. Os novos movimentos sociais são expressão de dinâmicas de animação sociocultural, de força coletiva que irrompe do anonimato cidadão e conquista identidade de grupo impelindo para um novo paradigma de cidadania na era global.

Os contextos educativos e sociopolíticos alteraram-se e com eles, nós, cidadãos e animadores, somos forçados a nos reposicionar no mundo, a ler e reinterpretar a realidade, a mediar conflitos e implementar soluções à luz dos novos paradigmas. A animação sociocultural enquanto metodologia de intervenção comunitária e padrão estratégico de fomento da participação ativa dos indivíduos nos processos de mudança, encontra nos grupos e nas instituições os recursos endógenos ao desenvolvimento local sustentável.