quinta-feira, 23 de junho de 2011

Os nossos artistas devem ser parceiros nas dinâmicas artísticas locais

Os artistas consagrados ou autodidactas, independentemente, da grandeza da sua obra artística devem ser co-responsáveis com as instituições culturais e educativas na promoção das dinâmicas socioculturais no espaço público, enquanto, lugares de criação e democratização da cultura, onde, verdadeiramente, os cidadãos têm livre acesso aos bens culturais.

Estimular os cidadãos para o delicado exercício da observação e da leitura das obras de arte é um princípio elementar que está subjacente à criação artística, mas que, para muitos decisores políticos com responsabilidades em matéria de cultura, tal provocação pública pode suscitar leituras políticas indesejadas, ou provocar indiferença colectiva por parte dos públicos, o que seria mais constragedor para eles. Há uma verdade que não podemos ocultar e que nós, animadores da cultura, não podemos fingir que não é nossa função: a educação para a cultura.

Alguns artistas locais, mesmo autodidactas, têm desenvolvido um trabalho reconhecido e de uma maturidade artística recomendável, por isso, defendo que eles devem ser parceiros inequívocos das políticas culturais dos municípios. As suas obras podem ser veículos para educar os cidadãos para a arte. Eles devem ter um papel de mediadores artísticos mais activo entre o mundo das artes e a sociedade civil, entre as instituições culturais e a escola. As suas obras devem fazer parte da paisagem cultural urbana. Elas devem ser observadas como o prolongamento dos espaços museológicos, das galerias de arte e dos ateliers dos seus criadores.

Há alguns dias atrás, no fim da tarde, cruzei-me na rua com um grupo de pessoas, talvez cinco ou seis amigos, que perante uma escultura instalada no Largo do Município, obra que integra a instalação de um artista local, discutiam sobre a representatividade da obra. Elas emitiam opinião; confidenciavam o que, talvez, a escultura representava...

Aquelas pessoas têm a "escola da vida". Não frequentaram a universidade, conheço-as, são parte integrante da minha vida social, alguns são pescadores, mas, estavam ali, a observar e a "ler", o que porventura o artista deixou transparcer naquela peça escultórica. Aquele grupo de amigos, pela sua atitude perante o novo e temporário cenário artístico urbano foi provocado pelo artista. E eu, depois daqueles breves instantes, prossegui viagem mais feliz e realizado.

terça-feira, 14 de junho de 2011

A produção e difusão do conhecimento sobre Animação Sociocultural

É com humildade e responsabilidade acrescida que acolho o elogio do amigo, Prof. Avelino Bento, postado em «OS ENCONTROS DE ASC E A ARROGÂNCIA INTELECTUAL», no blogue Exdra/Animação.

A matéria produzida no meu blogue, resulta do pensamento reflexivo sobre as práticas de Animação Sociocultural que se estão a efectivar no território, em diferentes escalas geográficas. São reflexões através das quais, procuro criar auto-conhecimento e partilhá-lo. Esta pretensão não tem subjacente qualquer tipo de ensinamento ou pretensioso protagonismo, pelo contrário, visa sistematizar e partilhar experiências, preocupações e interrogações quotidianas associadas às minhas práticas de Animador Sociocultural, irrigadas pelas leituras com pertinência em matéria de Animação. Não há teoria sem prática, tal como, não há prática sem teoria. Os meus escritos são o reflexo das práticas experenciadas e mediadas pelo local/global. Este balizamento deve ser um dos pilares da acção do Animador.

A materialização pela escrita dos saberes poderá ser um fórum de discussão de ideias, conceitos e práticas, talvez, e mais importante, um tempo conquistado pela auto-aprendizagem permanente. Os meus escritos no blogue e em outros suportes de divulgação, nomeadamente, revistas, actas de congressos e outras obras colectivas, consolida os esforços realizados no trilhar de outros caminhos para a Animação Sociocultural em Portugal, em especial, no território insular. Não me assumo como profeta da Animação ou dos Animadores, mas, reconheço-me, como membro efectivo de uma nova geração de Animadores Socioculturais.

É hora de participarmos na produção e difusão do conhecimento em matéria de Animação Sociocultural. As práticas profissionais são um bom exemplo para esse desígnio. O saber não é propriedade de uma elite pseudo-intelectual refugiada no mundo académico e científico. Os Animadores que estão no terreno são parceiros na produção intelectual; este acto de criação não é previlégio de uma minoria iluminada, ele tem de ser um compromisso aberto ao envolvimento de todos.

Infelizmente, os organizadores dos congressos científicos continuam a privilegiar a elite intelectual estrangeira, em detrimento, de um novo pensamento e visão dos campos de intervenção da Animação Sociocultural no século XXI, que emerge no território nacional.

Portugal, é um país com história no campo da Animação Sociocultural. Hoje, há vários estudos científicos realizados por investigadores portugueses sobre a Animação e os Animadores, resultado de teses de mestrado que, do ponto de vista académico e científico são excelentes obras literárias, e talvez, superem muita da literatura científica importada do país vizinho. As organizações associativas de Animadores não podem recuar, perante, a responsabilidade de fomentar e apoiar, ou até mesmo, assumirem o papel de editoras.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Estratégia da Comissão Europeia para a Juventude. A função da Animação e o papel dos Animadores Socioeducativos (III)


«A animação socioeducativa é uma forma de educação realizada fora da escola por profissionais ou voluntários no contexto de organizações de juventude, entidades autárquicas, centros de juventude e paróquias, entre outros, que contribui para o desenvolvimento dos jovens. Juntamente com as famílias e outros profissionais, o trabalho de animação socioeducativa pode ajudara lidar com o desemprego, o insucesso escolar e a exclusão social, além de ser uma forma de ocupação dos tempos livres. Além disso, também é um modo de angariar competências e ajudar a transição para a vida adulta. Apesar de não ser formal, este trabalho precisa de ser mais profissionalizado. O contributo da animação socioeducativa reflecte-se em todos os domínios de acção e respectivos objectivos.»

Ainda no domínio de acção 8 – Juventude no Mundo, com destaque para o novo papel do trabalho de Animação Socioeducativa, a Comissão também definiu como objectivo o apoio e reconhecimento do trabalho de Animação Socioeducativa pela sua importância económica, social e profissionalizado. Na esfera das competências dos Estados-Membros e da Comissão, estes devem desenvolver acções que visem:

«-Dotar estes animadores de competências profissionais e promover a sua validação através dos instrumentos europeus adequados (Europass, QEQ e ECVET)
- Promover a animação socioeducativa, por exemplo, pela ajuda dos fundos estruturais
- Desenvolver a mobilidade dos animadores socioeducativos como previsto no Tratado CE
- Desenvolver pedagogias, práticas e serviços inovadores no domínio da animação socioeducativa
A Comissão continuará a elaborar a análise do impacto económico e social da animação socioeducativa».